Capítulo 02 :: Nadai Tsuji Soba
Fumiya Natsukawa largou a empresa em que havia começado a trabalhar recém-formado depois de apenas três anos.
A empresa em que Fumiya entrou era, como se dizia, uma empresa Obscura. Ele já tinha ouvido algumas más opiniões antes de ser contratado, mas Fumiya, que não se dedicou muito à procura de emprego, conseguiu vaga ali a única que conseguiu. Ele não podia simplesmente voltar para a casa dos pais desempregado, mesmo tendo se formado com o dinheiro deles. Para Fumiya, recusar essa oportunidade não era uma opção.
E assim se passaram três anos. Fumiya desgastou corpo e mente trabalhando sem parar, sem dias de descanso, sem fim de semana ou feriado, seguindo cegamente as ordens da empresa, até que sua saúde não resistiu mais. Foi hospitalizado, e ao ver os pais que vieram visitá-lo chorando, finalmente pediu demissão.
Os três anos de trabalho contínuo mal lhe deixaram tempo para a vida pessoal, mas isso não significa que ele não tivesse nenhum prazer. Havia apenas um, mas era importante: Tsujisoba.
Nadai Tsujisoba. Uma famosa rede de tachigui soba (lojas de soba para comer em pé).
O Tsujisoba, que funcionava 24 horas, era um aliado confiável para pessoas como Fumiya, que trabalhavam sem horários fixos e tinham refeições irregulares. A atmosfera acolhedora da loja, o enka [estilo de música japonesa] estranhamente familiar tocando ao fundo… fosse noite ou madrugada, você sempre podia comer soba quente a um preço acessível. O aroma simples do macarrão e o sabor suave do caldo aqueciam o coração cansado de quem enfrentava uma rotina exaustiva. Nos últimos dias de trabalho na empresa, Fumiya parecia ir ao Tsujisoba mais pela esperança de comer ali do que por qualquer outra coisa.
Para os trabalhadores adultos, era um lugar de conforto: Nadai Tsujisoba. No começo, Fumiya havia descoberto a loja por acaso, procurando um restaurante no fim do expediente noturno. Mas ele se apaixonou imediatamente pelo Tsujisoba. Havia outras lojas de soba perto do trabalho, mas ele continuou frequentando apenas o Tsujisoba, obstinadamente, e com paixão. Ele simplesmente amava aquela loja.
Por isso, quando deixou a empresa e concluiu sua recuperação, Fumiya começou a trabalhar como auxiliar no Tsujisoba. Ele queria, agora, proporcionar às pessoas o mesmo conforto que recebera ali uma tigela de soba e um momento de alívio.
Mais três anos se passaram. Embora não tão exaustivos quanto os da empresa black, Fumiya trabalhou com afinco. Mas, dessa vez, não seguia ordens cegamente; trabalhava com propósito e dedicação. Graças a isso, em três anos foi promovido de auxiliar a funcionário efetivo, e acabou recebendo a responsabilidade de gerenciar uma nova filial.
No dia de inauguração da nova loja, o primeiro cliente que Fumiya Natsukawa, agora gerente, recebeu foi uma pessoa suspeita: usando capacete integral, rosto escondido, e empunhando uma faca na mão direita.
— “Dá o dinheiro, seu desgraçado!” — gritou o cliente ameaçador.
Fumiya arregalou os olhos.
— “…Sério? No primeiro cliente do dia de inauguração, um assalto? Normal isso?”
Naquele momento, Fumiya jamais imaginaria que essas seriam suas últimas palavras da vida.
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