Capítulo 01: O Início do Fim
— Tanto os começos quanto os fins sempre chegam de repente.
“Uwa! Aquela garota engordou de novo, né?”
Enquanto pegava a bola de futebol que rolava pelo pátio, um estudante do ensino médio falou alto, de forma provocativa. Seus olhos seguiam uma garota que estava prestes a voltar para casa.
“Sério!? Não dá! …Na verdade, ela virou um porco, né? Porcooo!”
Outro colega, observando-a do lado de fora do campo, riu alto da aparência da garota, que definitivamente não podia ser chamada de esbelta.
“Mas… ouvi dizer que ela era suuuper bonita no ensino fundamental, né?”
“É! O Naoya até tentou se declarar, não foi?”
“Não, eu não tentei! …Era uma fraude, fraude total!”
Naoya, o colega que estava sendo provocado, franziu a testa e retrucou com um tom de desdém. Se ela ainda fosse bonita, talvez ele tivesse sido exaltado como um herói. Mas a realidade era cruel. Para ele, aquilo era apenas um passado negro.
“…Eu ouvi, sabia.”
Rina murmurou, como se aquilo pouco importasse.
Ela também não queria estar naquela situação. O vício em comida era uma fuga de um passado doloroso.
◇◇◇
— E então, um dia, tudo mudou de repente.
No retorno de uma viagem de comemoração de sua entrada no ensino médio, algo aconteceu.
“…Ei! Você tá me ouvindo, irmã?”
A voz do irmão, levemente emburrado, veio de seu lado.
“…Ah, desculpe. Acho que estava dormindo.”
Rina respondeu com um sorriso contido. Estava exausta após brincar no mar a pedido do irmão até momentos antes da viagem de volta.
“…Hmph.”
O irmão bufou, fazendo bico, ainda assim adorável.
Rina acariciou suavemente sua cabeça, tentando acalmá-lo. Dez anos de diferença tornavam tudo nele irresistivelmente fofo.
“Desde cedo, você me fez correr pelo mar, então estou cansada. Vai lá, descanse um pouco.”
Sua mãe, sentada no banco do passageiro, disse, um pouco preocupada.
“…Hmph… Então, quando voltarmos, faz omelete de arroz pra mim?”
“…Certo, certo.”
O irmão pediu olhando para cima, e Rina sorriu. Ele realmente amava omelete de arroz, sempre pedia em qualquer ocasião.
“Olha! Irmã, um conversível!”
Quando atravessavam a ponte sobre o rio, um conversível branco passou rugindo do lado esquerdo, tocando música alta.
“…Que legal.”
Seu pai murmurou, enquanto dirigia.
“Vamos alugar e dirigir da próxima vez!!”
O irmão, empolgado, sugeriu. Embora não pudessem comprar, talvez pudessem alugar.
“Ah, ótimo. E ainda mais se corrermos pela costa… deve ser incrível.”
A mãe incentivou, sorrindo.
“…Hmmm… Então, no próximo feriado…”
O pai concordava, quando de repente…
— BANG!!
Uma colisão violenta atingiu a família.
Ninguém entendeu imediatamente o que acontecia.
Tudo o que Rina viu foi um carro vermelho.
Era estranho estar tão próximo dele.
Quando percebeu, seu corpo estava tomado por dor e falta de ar.
— Gulp.
Água entrou em sua boca.
Então ela percebeu: caiu no rio.
Lutando por ar, Rina conseguiu sair pela janela quebrada e começou a subir, guiada pela luz…
Ela não percebeu que sua família ainda estava no carro.
Não percebeu que seu irmão estendia a mão para ela.
◇◇◇
Horas, dias se passaram.
Finalmente, longe da dor e do sufoco, Rina abriu os olhos…
E viu cortinas brancas desconhecidas sendo tocadas pela brisa.
Não estava em casa. Estava em um quarto de hospital.
E então Rina percebeu.
Sua família, com quem sorria, não existia mais.
O pai adorava beber com os petiscos que ela preparava.
A mãe elogiava cada comida como deliciosa.
O irmão adorava omelete de arroz e pedia com frequência.
…Esses dias felizes não voltariam mais.
◇◇◇
— Swoosh.
O vento frio acariciou a bochecha de Rina.
Sempre que fechava os olhos, sentia sua família ali.
Será que viriam buscá-la?
“Ei… eu tentei, sabia?
Posso… ir para aí agora?”
Algo respondeu, tocando suavemente sua face.
E então…
Uma luz quente envolveu Rina gentilmente.
Era uma luz que… traria felicidade para ela.
…O início da invocação que chamaria a felicidade.
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