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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Renasci com Bugs e Dominei Tudo - Capítulo 01

Capítulo 1 – Reencarnei como NPC que morre instantaneamente, mas vou sobreviver a qualquer custo

“Como assim, reencarnei como NPC que morre instantaneamente? Que inferno é esse?”

Quinta-feira, 25 horas, em um pequeno apartamento barato. Eu estava jogando um RPG cheio de bugs, que tinha dado problemas desde o lançamento. Um bom jogo, mas cada patch de correção criava novos bugs, e os desenvolvedores aparentemente desistiram de consertar tudo. Dizem até que um deles morreu de excesso de trabalho durante o debug.

Eu era um escravo corporativo de baixo nível, sem dinheiro. Por isso, entrei na terceira jogada do jogo, mesmo enfrentando bugs constantemente.

“Não é de se estranhar que até a wiki oficial tenha sido abandonada…”

A wiki funcionava apenas como fórum, cheia de reclamações e relatórios de bugs dos usuários.

“Vamos ver… vou registrar isso.”

Abri a wiki e digitei:
"Se você não pegar o baú na rota direita do chefe da masmorra da montanha de braceletes, o labirinto da rota principal não abrirá, mas pode ser usado para ganhar experiência e itens sem concluir."

Então, o melhor seria…

De repente, senti tontura e dor no peito.

“O que está acontecendo comigo…?”

Essa semana foi difícil: desde segunda-feira trabalhando horas extras e dormindo apenas quatro horas por noite. Sábado também tive que trabalhar, sem adicional. Quase não aguentava mais.

“Droga… dor no peito…”

Era uma dor intensa, como se um demônio apertasse meu peito.

“Não… preciso… chamar uma ambulância…”

Lembro de ter pegado o celular com dificuldade, ainda segurando o peito, e então desmaiei na cama.


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Quando acordei, estava em um lugar desconhecido. Não era meu apartamento à noite, mas uma vila pacata, com um rio e roda d’água. E não era noite, mas pleno dia.

“Espere… já vi esse lugar antes.”

Olhei em volta: era a vila inicial do RPG que eu estava jogando. A vila natal do protagonista, onde todos são massacrados por demônios no começo do jogo.

Então, isso é um sonho?

Não, é muito real. Posso sentir o vento, o cheiro do ambiente. Se beliscar, dói.

Ou seja, isso é uma reencarnação ou transferência de alma: morri, e meu corpo ou alma foi parar no mundo do jogo. Normalmente, meu destino seria virar um fantasma miserável naquele apartamento. Mas isso aqui é infinitamente melhor.

“Espere… quem sou eu?”

Olhei meu reflexo na água: era um homem, parecido com meu eu antigo, mais jovem, com roupas simples de vilão pobre.

“Não sou algum grande mago elfo, né?”

Claro, estou na vila inicial. Logo no começo do jogo, todos morrem.

“Ei, Mobu¹.”

Uma voz feminina me chamou. Uma garota da vila, talvez uns 15 anos, com roupas remendadas, cabelo loiro encaracolado e bonito, e um peito generoso. Olhos suaves, sorrindo para mim.

Mobu… então esse sou eu?

Olhei ao redor: só eu estava lá.

“Olha só… que estranho Mobu.”

Confirmado, sou Mobu. E depois de reencarnar, nem virei o grande mago nem o protagonista, mas o NPC que morre instantaneamente. O desenvolvedor foi preguiçoso demais.

“Você é quem?”

“Não diga nada.”

Ela riu cobrindo a boca.

“Você é a Ran, minha amiga de infância, Mobu.”

Ran, claro. Mais fofa pessoalmente do que no jogo. Ela e Mobu são órfãos, como Blaze. O desenvolvedor quis destacar o protagonista criando dois órfãos ao redor.

Ran, a única sobrevivente do ataque à vila, entra depois na equipe do protagonista. No jogo, ela se torna a heroína principal do harém.

“Ran, e Blaze?”

“Está na caverna da cura pegando cogumelos.”

“Droga! Isso é no prólogo do jogo, quando os demônios atacam!”

Não há tempo a perder. O evento vai começar.

“Vem comigo, Ran.”

Segurei a mão dela e corremos para a praça da vila.

“Ei, todos! Os demônios estão vindo!”

As pessoas começaram a se reunir, confusas.

“Que absurdo, Mobu…”

Ran manteve minha mão. Que gentil. Mesmo no jogo ou na vida real.

“Os demônios estão vindo, todos para a floresta, rápido!”

“Você deve estar sonhando de novo.”

“Só corram!”

O velho NPC suspirou:

“Aprenda com Blaze. Ele nasceu rico, mas é humilde. Você, não tem nada de especial.”

Riram de mim, mas não importava.

“Vamos, Ran. Só nós vamos sobreviver.”

Levei-a para nosso antigo esconderijo: o porão da roda d’água, usado na infância como base secreta. No jogo, Ran se esconde ali e sobrevive.

“Mobu, você está agindo estranho hoje.”

“Esconda-se. Confie em mim.”

Ela acenou com a cabeça e entrou no porão.

Olhei pelo vão da janela: dezenas de gárgulas se aproximavam.

“Sem tempo a perder.”

Preparei uma armadilha improvisada com barris e cordas. Os sons das gárgulas e dos aldeões correndo eram claros.

Ran me abraçou, assustada.

“Vai ficar tudo bem. O porão não vai queimar.”

Sussurrei no ouvido dela.

“Confie em mim.”

Ela se agarrou a mim. Fofa e obediente, como no jogo.

Depois de um tempo, tudo se acalmou. O evento inicial do NPC que morre instantaneamente foi superado com sucesso.

Alguém gritou lá fora.

“Blaze!”

Ele correu até nós, pegou Ran em seus braços. Ela resistiu, se escondendo atrás de mim.

“Desculpe, eu estava preocupada…” disse Blaze. Perfeitamente bonitão, sem falhas. Rico, herdeiro e descendente de herói. O verdadeiro protagonista.

“Olha só, a vila foi destruída… meus pais…”

Blaze estava atônito.

“Mobu, você está bem?”

“Sim, Blaze.”

“O que aconteceu?”

“Demônios atacaram… eram gárgulas.”

Ele franziu a testa:

“Como essas criaturas tão poderosas apareceram numa vila tão pequena?”

Bem, você é adotado e tem sangue heroico, claro. Além disso, o NPC que deveria morrer sobreviveu.


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“Droga, demônios…”

Blaze, ouvindo sobre o massacre, ficou furioso.

“Vou me tornar forte e derrotar o Senhor Demônio! Vou vingar a vila e meus pais!”

Ele apertou o punho. Como herói, Blaze ainda não sabe sobre sua família real no jogo.

“Por isso, vou entrar na Academia Real de Aventureiros. Ran também virá, e Mobu, é claro.”

Ran e eu ficaremos juntos para prestar homenagem à vila. Blaze ficou surpreso.

Embora órfãos, Ran e eu não poderíamos pagar a alta mensalidade da academia, mas, no jogo, a heroína sempre nos segue e recebe tratamento especial.

“Eu quero ficar. Com Mobu, vou prestar homenagem aos aldeões.”

Blaze ficou sem palavras. Ele não conhecia o enredo completo, apenas sentiu que algo estava diferente.

“Então vamos ficar juntos, Ran. Precisamos homenagear a vila que nos criou.”

Blaze ficou emocionado, quase chorando.


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Rodapé explicativo:

1. Mobu (モーブ): termo japonês usado para NPC genérico, geralmente sem importância e destinado a morrer rapidamente. No contexto da história, o protagonista renasce como esse NPC.


2. SSS-class / Hector Academy: referência típica de RPGs japoneses, SSS sendo o nível mais alto.


3. O trecho mistura elementos de isekai (reencarnação em outro mundo) e game world logic, comuns em light novels japonesas.


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